quinta-feira, 23 de junho de 2011

Kyuss Lives! - Hard Club - 22/06/2011

O que na teoria é mais um exercício de nostalgia (a reunião e digressão  de uma banda passados mais de 15 anos sobre o lançamento do último álbum de originais),  tornou-se na prática uma grande noite de rock’n’roll.
Os Kyuss separaram-se em 1997, após o que se tornaram uma banda lendária e influente, além de ex-banda do agora mediático e frontman dos Queens Of The Stone Age. Josh Homme não participa nesta digressão, mas terá sido também isto que terá feito o Hard Club encher com fãs que até há bem pouco tempo pensariam impossível presenciar as músicas do quarteto norte-americano ao vivo. Quarteto composto por Nick Oliveri, Brant Bjork e, claro, John Garcia (juntos nesta banda de 1988 a 1992) a quem se junta agora o novato Bruno Fevery  sob a designação Kyuss Lives!.
Visitaram o Porto, integrado numa vasta digressão europeia,  numa noite onde facilmente se percebe que os Kyuss têm um catálogo de músicas que permite a escolha de um setlist competente e sem grandes invenções,  onde cada música vai sendo acolhida por um público em apoteose, como se cada uma fosse o ponto alto da noite. O ínicio dá-se com Gardenia, o gelo quebra-se totalmente ao terceiro tema, Thumb e a partir daí todos as faixas emblemáticas são tocadas, com algum destaque para Green Machine, Supa Scoopa and Mighty Scoop, Sapaceship Landing e 100° ou até One Inch Man. Terá faltado a muito pedida Demon Cleaner, mas após o desenrolar de tamanha noite de rock’n’roll isso não será lembrado como mais do que um pormenor. Todos os fãs terão tido razões, e a avaliar pelos aplausos foi mesmo que isso que se passou, para sair do Hard Club com um sorriso nos lábios e o sentimento de ter presenciado a actuação de uma banda verdadeiramente especial.
A abertura do espectáculo esteve a cargo dos portugueses Black Bombaim que debitaram pouco mais de meia hora de excelente música, um concerto pequeno mas que chegou a empolgar a audiência. Em grande forma, mereceram e mostraram-se à altura da posição que ocuparam nesta noite.

Este texto foi escrito originalmente para News And Bytes.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

The Kills - Blood Pressures

É o regresso dos The Kills aos discos, depois de Midnight Boom de 2008. O duo Mosshart/Hince mantem-se fiel à sonoridade de sempre, um blues rock meio sujo-meio dançavel, facilmente reconhecivel logo nos primeiros acordes do primeiro tema, Future Starts Slow. Um inicio muito forte já que é logo seguido do primeiro single escolhido - Satellite - a ombrear com os temas mais populares dos anteriores trabalhos. A partir daqui, temos um disco com um nivel constante, com Alison a ser quem tem mais espaço para brilhar, ouça-se a surpreendente The Last Goodbye. Heart Is A Beating Drum e You Don't Own The Road conseguem tambem juntar-se ao vasto leque de favoritos que esta banda já acumulou ao fim de dez anos de existência.. O final Pots ans Pans a ficar uns pontos abaixo de outro final Ticket Man, mas ainda assim a puxar o dedo para o repeat. Blood Pressures é o LP que qualquer fã da banda desejaria e um capaz de converter algum amante de música que andasse por aí mais distraído.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Swans - My Father Will Guide Me Up A Rope To The Sky

Uma reunião dos Swans era tido como algo completamente impossível até à bem pouco tempo atrás, o último disco de originais foi "Soundtracks For The Blind" editado em 1996 e a dita reunião nunca pareceu minimamente equacionada pelo líder Michael Gira. Quando em 2009, Gira, começou a dar a entender que afinal o impossivel poderia acontecer, foi notável o nível de ansiedade nos fãs, que culminou na edição, o ano passado, do disco de originais "My Father Will Guide Me Up A Rope To The Sky".
Com uma tal expectativa criada à sua volta, facilmente se poderia ter em mãos um insucesso como tantos outros nascidos das reuniões nostálgicas dos últimos anos. Nada mais diferente, este disco é um sucesso total, recria o ambiente associado ao Swans mais icónicos e cria novos ambientes que satisfazem mesmo o fã mais exigente. No Words / No Thoughts, a musica que abre o disco, é um monumento à sonoridade desta banda e o nível pouco ou nada se altera durante os 44 min. deste regresso. Eles apresentaram o disco durante 2010 e a julgar por diferentes relatos na internet estão em grande forma, e vão passar pelo Porto em Abril, um concerto obrigatório, ainda para mais porque será na Casa Da Música, local de excelência para o apreciar.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Deerhoof - Vs. Evil

Décimo primeiro álbum dos Deerhoof. Pouco mais de trinta minutos de música intensa que vão desde o pop dançavel ou melancólico até ao rock frenético, muitas vezes dentro da mesmo música. Um caos controlado, onde as mudanças de direção são tantas que nem vale a pena tentar esperar por algo convencional - a única forma de apreciar o álbum é deixar-nos guiar pela banda, eles, aparentemente sabem o que estão a fazer e o resultado final é um êxito completo. Um disco que deve ser ouvido do principio ao fim,  obviamente que não existe por aqui nada parecido com um single, mas de qualquer maneira destaco The Merry Barracks com um riff de guitarra contagiante, o interlúdio Let's Dance The Jet  e as vozes gémeas no sonhador Must Fight Current, ou  o que imagino ser um preferido das actuações ao vivo Secret Mobilization com Satomi Matsuzaki a brilhar nas vozes.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

I Like Trains - He Who Saw The Deep

Os I Like Trains mudaram muito desde 2007, ano do anterior Elegies To Lessons Learnt, a começar no nome, ligeira alteração de Iliketrais para I Like Trains (o nome continua péssimo), passando por alterações na formação da banda (perdendo um membro que não foi substituído), e acabando no som, que sofreu alterações significativas (uma tour de suporte aos Editors deveria ter soado como aviso). 
A banda amaciou, perdeu alguma da depressão profunda que os acompanhava e tentou a sorte com alguns refrões mais orelhudos, a distintiva voz de David Martin soa menos profunda e mais liberta. No fim de tudo, um disco mais acessível, mas ainda reconhecível e fiel à filosofia de trabalho da banda, com vários pontos altos, a começar logo pelo forte inicio de When We Were Kings e passando pelos preferidos Progress Is A Snake e Sirens. Este disco tem a particularidade de ter sido financiado pela banda e pelos seus fãs através do site Pledgemusic, tornando prescindível o intermediário "editora" para o seu lançamento, um procedimento que esperemos se torne cada vez mais usual, parecendo ser muito mais justos para os músicos.
Tive oportunidade de ver estes I Like Trains no mub'08, na altura fiquei impressionado com a qualidade e intensidade do seu espectáculo ao vivo, gostaria muito de os rever, mas como o a tournée de suporte a este disco nem passou perto, e não parece haver nenhum festival no panorama de festivais em Portugal que os encaixe ... é melhor esperar sentado.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

The Young Gods - Everybody Knows


No ano em que celebraram 25 anos de carreira, os suíços The Young Gods editaram o seu nono álbum de estúdio (Play Kurt Weill e Music For Artificial Clouds incluídos) intitulado Everybody Knows. A banda continua a ser como sempre nos habituou, exímios executantes e obcecados pelos detalhes, o que invariavelmente resulta em trabalhos com um som límpido e cheio de classe com algo novo para oferecer a cada audição, este não foge a esta regra. Everybody Knows parece ser uma combinação de todos os estilos que a banda foi incorporando no seu som ao longo dos tempos, se o título e as frequentes explosões de energia nos levam a  1995 em Only Heaven, Blooming faz lembrar a época de Second Nature e Mr. Sunshine remete para as suas mais recentes experiências em Knock On Wood ou No Land’s Man para o clássico Gasoline Man. Os exemplos são muitos e de fácil associação. No entanto, Everybody Knows aguenta-se muito bem como álbum por si só, tendo alguns momentos de excelência como o já mencionado No Land’s Man (com guitarras a sério) ou o tema que fecha o álbum Once Again.
Os The Young Gods estão bem e recomendam-se, chegar a este ponto da carreira e lançar dois ábuns de originais como o anterior Super Ready / Fragmenté e este Everybody Knows é obra, não admira que tenham tocado para um Hard Club cheio e tenham tido concerto esgotado em Lisboa,  resta-nos esperar que ainda tenham força para continuar por muitos e bons anos. Menção ainda para a excelente capa do LP, a convidar à compra do artigo oficial e se possível no formato LP.